quinta-feira, 5 de novembro de 2009

revenge

A noite surpreendera-me, o vento frio também... A minha pele enrigecia-se e a t-shirt que trazia vestida pouco fazia para me aquecer, mas não queria ir para casa. Não... A tua imagem não me saía da cabeça, os teus olhos azuis, as tuas repas castanhas claras, o teu sorriso, invadiam-me e faziam-me sentir zangado com o mundo. Metade das músicas que tinha no mp3 lembravam-me de nós, a outra metade lembrava-me o quanto me esforçava para te esquecer... Odeio-te por razão nenhuma. Odeio-te por vingança, pelo indiferente que me sinto na tua vida, por saber que enquanto perco tempo a pensar em ti, sou provavelmente o último pensamento que te passa pela cabeça. Levanto a mão direita para proteger a chama do isqueiro, e rio-me da ironia... Logo tu que não gostavas nada que eu fumasse, logo tu que te ipirangaste à minha frente de cigarro nos dedos e sorriso sarcástico como se o que nós fôramos fosse mesmo nada.

Lá longe no outro extremo da Europa, fosse esse extremo Istanbul ou Viena, tu continuas a tua vida, e, eu nada sei de ti... Não que sinta necessidade de saber, não que sequer sinta curiosidade, mas irrita-me saber que te foi tão fácil descartar-me.

Caralho pó Johny Hartman, e para o Chet Baker, e para todos os outros que me cantaram histórias de amores perdidos ou impossíveis. E como tu gostavas de os ouvir... Estragaste-me o slow jazz, estragaste-me as nonas e as sétimas, e eu que evito cantar por saber que tu gostavas de me ouvir.

A chuva rebentara já há uns minutos, forte, intensa, como tu cá dentro, destapando o meu ouvido esquerdo. Uma pinga caiu-me mesmo em cheio no cigarro... raios... era o último.

Não havia vivalma nas ruas, quem raios seria suficientemente louco para caminhar por elas debaixo desta intempérie sem algo para esquecer?

Soil and Pimp e Mo' Better Blues, e as saudades de pertencer a algo. É disso que sinto falta, não de ti, não da tua cabeça dura e das nossas milhentas discussões àcerca de absolutamente nada. Sinto falta de ser capaz de sonhar, de ter objectivos (que na altura eram nossos, mas que neste momento podiam pelo menos ser só meus...). Sinto falta de recusar os seus sorrisos vampirescos de quem me quer só pela impossibilidade de me ter. Sinto falta de lutar por algo.

E odeio-te por me teres roubado isso.

E odeio-te por teres tornado todas as histórias depois de ti, não mais que menosprezíveis ao lado da tua.

E odeio-me por tanto tempo depois (anos até) ainda sequer me lembrar como é que se escreve o teu nome, canim. Canim o caraças... como diria o Stray isto destruiu-me a vida... mas até lhe achei piada...

Vá-se o amor, fique a ironia... Hein Di?



3 comentários:

  1. Gostei da simplicidade e da complexidade de ser vazio e ao mesmo tempo cheio de tudo. E o tudo por vezes é tanto que se torna dificil começar do zero, porque quando fomos tudo é dificil voltar a ser nada.

    ResponderEliminar
  2. Adorei este texto.
    Gosto da maneira como descreves as coisas e o que sentes e sentiste...
    Pareces saído de um filme, no bom sentido.

    Great!
    (following you)

    ResponderEliminar
  3. Um: Nem sei como cheguei lá, sinceramente. Vou navegando de blog em blog e achei o teu. Mas gostei mesmo da tua forma de escrever. Devias voltar, sim! Sem sombra para dúvidas.

    Dois: Não é a questão de nos compararmos. É a questão de sabermos o que somos. Não é falta de humildade ou seja lá o que estiveres a pensar, senão ser mesmo a confiança que temos em nós. Sabermos o que somos, repito.

    Três: Bons sonhos. Beijoca *
    O prazer foi meu! Bom blog ;)

    ResponderEliminar