E porque a saga de Zakopane ainda não está perto do fim, deixo-vos com uma brincadeira de hoje:
"Bom dia" sorriram os seus olhos quando os meus se abriram.
"Oi pequena" a minha voz ensonada abria os panos daquele início de manhã, o Sol a bater no chão de madeira lá ao fundo deixando atrás de si um rasto de um branco amarelado intenso, luz, luz, luz, luz, luz... Imensa luz brilhante e nova que reflectia em todo o quarto até bater nos seus caracóis grandes fazendo-os quase louros.
Pisquei os olhos, espreguicei-me num bocejo para não a incomodar, e estiquei o meu corpo numa posição de prancha para não desprover os nossos corpos nus dos lençóis que os cobriam.
"Estás acordada há muito?"
"Não..."
"Estás a ver-me há muito?"
"Há algum tempo, sim."
"Observar-me então custa-te mais que estar acordada?" gracejei.
"É novo para mim, envolve esforço, envolve respeitar cada respiração tua, envolve não te ter a falar comigo, ter-te silencioso é quase uma nova experiência sabes?"
"Estás a queixar-te?"
"Não, nem me passaria pela cabeça tal... estou apenas a dizê-lo para que compreendas que tudo isto é novo para mim. Bom, sim, sem dúvida, mas novo ainda assim. Não sou tão experiente nestas coisas como tu..."
"E recomeças?Já te disse que isso são balelas, não sou experiente, não contigo, nunca contigo."
Os seus olhos reduziram-se a frestas felinas, o seu sorriso abriu-se numa boca já larga de lábios extremamente finos, delicados, bonitos. Apanhara-me na sua própria brincadeira, num jogo de que eu era mestre... "Psicologia invertida... que treta." ri-me.
Passei a minha mão por cima dos ombros dela como num abraço, e virei-me sobre ela, prendendo-a entre os meus joelhos libertei os meus braços e fiz-lhe cócegas na cinta, fazendo-a contorcer-se sob mim, mais e mais e mais, até culminarmos num beijo. Apaixonado, grande de tão pequeno, o mais próximo do eterno que alguma vez estive...
Levantei-me. "Onde vais?" "Volto já pequena." "Hmmmmmm" soltou ela num gemido lânguido e preguiçoso e querido que englobava toda aquela manhã numa única onomatopeia, com o braço puxou os lençóis para cima de si e deitou-me um "estás a olhar para onde parvo? Vê lá, vê.." que me deixou aparvalhado sem saber o que dizer. Ri-me, nessa tentativa de escapatória de quem não sabe mais o que dizer, e abri a porta de madeira escura na minha frente entrando na casa de banho.
A luz reflectia nos azulejos claros pela janela minúscula por cima da sanita, espreitei para os campos lá fora, onde o trigo ia já alto avisando que o Verão estava já quase a acabar.
Lavei a cara, passei as mãos pelo cabelo, ajeitei as boxers mal vestidas, lavei os dentes, e voltei para junto de ti: "Vamos dar uma volta? Aproveitar o Alentejo?". Ficaste calada... Abanei-te um pouco, gemeste outra vez e disseste-me "Volta para a cama, temos mais que tempo."
E eu acreditei em ti, e voltei, sempre quis ter tempo com alguém assim do lado, e nunca o tinha querido tanto como agora, como contigo. Enrolei-me nos lençóis, pousaste a cabeça no meu peito e adormeceste mais um pouco... A paz do teu rosto, entre olhos fechados e o rosto tapado pela tua juba enorme era tudo o que eu precisava, agradeci-te, e perdi-me no sonho contigo...
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A ouvir:
"Stay where you are"
Ambulance LTD
álbum: Ambulance LTD
"não sou experiente, não contigo, nunca contigo."
ResponderEliminarAmei=)
beijinho querido*
Foste tu o vencedor do jogo?
ResponderEliminarParabens=)
sim... :) fui... sorte ao jogo.. sniff sniff obrigado, fico contente por teres gostado :)
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