sábado, 5 de junho de 2010

Como me poderei eu esquecer de memórias que não tive?
E contudo esqueço-as.

De mudanças que me prometi,
E que não vieram.
Ah preguiça; sempre tu..

ponteiros no relógio,
letras no calendário,
folhas nas árvores,
números em velas.

E a barba ficou-me maior,
o cabelo mais curto,
o discurso sarcástico,
o sorriso moveu-se centímetro
a
centímetro
para o canto da boca.
(até aí o desprezo ao centralismo)


Encontrou-me e disse: "Mudaste, estás diferente!"
"Não mudei, esqueci-me"
"De quê?"
"De ser também os outros."
"Fechaste-te? Os teus olhos parecem-me mais duros."
"Não, de todo, abri-me"
"A quê?"
"Às ideias, à terra,
ao que ficará cá depois de mim,
depois de ti, quando todos se esquecerem de nós"

Os antigos deixaram castelos,
Igrejas, túmulos, muralhas.
Nós deixamos o quê? Betão?
Por 50 anos? 100? 200?

Estamos condenados a ser
mero passo no livro do tempo
E

me
ros.
Deuses maiores dos nossos mundos
apenas tão eternos quanto nós

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