Este é o início de uma história maior, projecto que vem sido desenvolvido desde Fevereiro deste ano, e entretanto por vicissitudes do processo criativo ficou em águas de bacalhau... Ponho aqui as primeiras linhas como aperitivo, e como forma de me obrigar a trabalhar quiçá um pouco mais nisto. Espero que gostem.
Ela
O seu sorriso é paz desde o início, desde que os seus lábios começam a crescer, e, o seu rosto escuro e bondoso, com um calor imenso e gigante aquece todos os que a rodeiam.
Vê-la a passar é estranhamente reconfortante, como se à sua passagem fantasmas e demónios corressem para se esconder, sob pena de perderem o seu negro para a cor que explode dela. Até a sua expressividade tem a inocência de uma criança, embora os seus olhos revelem alguma saudade disso mesmo.
Pumbabatutum, é desajeitada e feliz até quando não o é, é o espelho dos dias quentes de Verão, e as musiquinhas psicadélicas de MGMT, e cor de terra, e cães, grandes ou pequenos correndo e latindo numa praia fugindo das ondas que lhes molham as patas e voltando à areia molhada para a cheirarem, é um musical cómico que nos põe um sorriso gigante e nos faz sentir bem.
É também no entanto um pedaço de Jackson Pollock que não conseguimos bem perceber, definitivamente bela, mas duma beleza tão complexa que nos espanta, quiçá assusta.
Menina de vermelho... Quente e fantástica como poucos.
A Menina de vermelho cheira a África...
Ele
Isolado na sua cela bem lá no cimo da torre, ele é-se só. Tem liberdade para sair e entrar quando quiser, mas raramente sai com medo do que o espera por fora. Perdido no seu vazio ele não se achava preenchido nem realizado mas preferia-se
assim para já.
Filho da cidade, prático, algo cínico, com cheiro a cigarro e olhos cinzentos esverdeados que lhe definiam o espírito da forma mais exacta existente, alguém que apesar de quadrado gostaria de ter a coragem de fugir para esse mundinho de cor que alguns à sua volta evidenciavam...
Sabia-se desajeitado pelo que pouco falava. Sentia-se confortável naquelas noites de nevoeiro intenso, ou nas manhãs frias e limpas de Fevereiro. Acima de tudo sente-se confortável sozinho a pensar que preferia estar com alguém. Tudo o que envolva mais do que si próprio tira-o da sua zona de conforto.
É os c’s mudos das palavras a serem pronunciados, e a confusão e o caos do saxofone de Coltrane na fase final da sua vida, com cor por dentro mas com a morte a medi-lo de alto a baixo, durante toda uma vida...
Procura-se nos outros, quando os outros são o que mais evita...
O menino cinzento transpira Europa.
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Hummm...mas onde é que tu vais buscar inspiração para estas coisas, ah? Consegui-os imaginar, principalmente Ela!!!=)
ResponderEliminar(E já agora qual é a do ti jagga mandar mensagens para aquele espaço da internet que nós bem sabemos se depois e não posso responder pelos mesmo meios visto não estar a aceitar nada, nem mensagens, nem comentarios...nada?? Já li a tua carta =D Hoje vai ser postada!! Etsá liiinda e original, como não podia deixar de ser!!)
Beijinhooo